Abrindo nosso espaço de entrevistas, apresentamos Rosália Mayrink Corrêa, Historiadora Graduada pela UFJF e Pós-Graduada em Educação
Religiosa pela Universidade Estácio de Sá, Diretora do Instituto Histórico José
Maria Veiga e do Museu Ferroviário de Bicas, sediados na Estação Rodoviária
José Croce, antiga Estação Ferroviária de Bicas.
Na antiga Estação
Ferroviária, hoje Terminal Rodoviário José Croce, encontra-se o Instituto
Histórico José Maria Veiga.
BICAS TURISMO
– Rosália, conte-nos como começou este maravilhoso trabalho?
Rosália - Comecei a me envolver diretamente com o Instituto Histórico José Maria
Veiga em abril de 2003, ao organizar o acervo existente e catalogar as peças
para sua preservação definitiva no Instituto. A seguir passei a supervisionar a
conservação das peças e o próprio Instituto Histórico, para que não se
deteriorasse o material existente, determinando a forma correta de limpeza, e a
colocação do Livro de Visitas para registro do movimento no local. A partir
daí, a visitação diária teve um considerável aumento e o Instituto Histórico
passou a ser mais conhecido e divulgado pela comunidade biquense. Em 2004 dei
continuidade aos trabalhos, visitas, supervisão das peças e do local e de busca
da valorização do espaço histórico, através de divulgação.
BICAS TURISMO – Em sua
opinião, quando aconteceu a grande virada do Instituto Histórico?
Rosália – Sem dúvida, no ano de 2005, quando teve início um trabalho de grande
valor histórico e patrimonial, que foi o Relatório direcionado ao IEPHA - Instituto
Estadual do Patrimônio Histórico, através do inventário de todas as construções
antigas de Bicas, trabalho esse, que premia a Prefeitura com uma verba
destinada à preservação de patrimônio, recolhida do ICMS.
BICAS TURISMO – Como foi essa
fase?
Rosália – Naturalmente, de muito trabalho, que teve início com a visitação aos imóveis, confecção de um breve histórico, fotografia, trabalho topográfico e de medição da edificação, idealização das fichas, estas com um histórico completo. Em seguida, passei à digitação e formatação do Relatório. Também em 2005 foi feita uma pasta denominada Plano de Inventário, onde constam dados do Distrito de Bicas e Povoados de São Manoel e Santa Helena, informações gerais do município, levantamento fotográfico do acervo patrimonial, cronograma para execução do inventário, ficha técnica dos envolvidos na elaboração do Plano de Inventário e mapas de todos os setores a serem inventariados. Esse trabalho constou de 76 páginas digitadas.
Rosália – Naturalmente, de muito trabalho, que teve início com a visitação aos imóveis, confecção de um breve histórico, fotografia, trabalho topográfico e de medição da edificação, idealização das fichas, estas com um histórico completo. Em seguida, passei à digitação e formatação do Relatório. Também em 2005 foi feita uma pasta denominada Plano de Inventário, onde constam dados do Distrito de Bicas e Povoados de São Manoel e Santa Helena, informações gerais do município, levantamento fotográfico do acervo patrimonial, cronograma para execução do inventário, ficha técnica dos envolvidos na elaboração do Plano de Inventário e mapas de todos os setores a serem inventariados. Esse trabalho constou de 76 páginas digitadas.
BICAS TURISMO – O trabalho
parou por aí?
Rosália – Pelo contrário! Estava só começando. Após terminar o relatório em 16 de abril, entrei em contato com um restaurador em Juiz de Fora, no sentido de encadernar todo o acervo do Jornal “O Município”, jornais originais, constantes do período de 1918 a 2003, que geraram um total de sete pastas.
Rosália – Pelo contrário! Estava só começando. Após terminar o relatório em 16 de abril, entrei em contato com um restaurador em Juiz de Fora, no sentido de encadernar todo o acervo do Jornal “O Município”, jornais originais, constantes do período de 1918 a 2003, que geraram um total de sete pastas.
BICAS TURISMO – Além de tudo
isso, 2005 trouxe novas conquistas?
Rosália – Claro! Ainda no ano de 2005, no Mezanino do Instituto Histórico José Maria Veiga realizamos a I Mostra de Arte de Bicas, evento que contou com a participação de vários artistas da região, divulgando a arte e proporcionando a valorização de nossos artistas.
Rosália – Claro! Ainda no ano de 2005, no Mezanino do Instituto Histórico José Maria Veiga realizamos a I Mostra de Arte de Bicas, evento que contou com a participação de vários artistas da região, divulgando a arte e proporcionando a valorização de nossos artistas.
BICAS TURISMO – O ano de 2006
trouxe muito trabalho e grandes conquistas, não é verdade?
Rosália – É verdade. O ano de 2006 se iniciou com a confecção final do Relatório para o IEPHA a ser entregue em abril, constando de todo trabalho realizado no ano de 2005 e acrescido do acervo do Museu Sacro da Igreja Matriz de São José de Bicas. Porém nesse ano ocorre uma alteração pelo IEPHA passando o trabalho a constar de quatro pastas com duas cópias cada uma, sendo elas: I: Legislação e Projeto de Educação Patrimonial; II: Cronograma, Mapa, Fichas de Inventário, Relatórios de visita; III: Laudos e IV: Ações de Proteção e Investimentos. Seguiu-se a fase de confecção das Pastas com a assinatura da Historiadora e do Engenheiro, encadernação e postagem para Belo Horizonte.
Rosália – É verdade. O ano de 2006 se iniciou com a confecção final do Relatório para o IEPHA a ser entregue em abril, constando de todo trabalho realizado no ano de 2005 e acrescido do acervo do Museu Sacro da Igreja Matriz de São José de Bicas. Porém nesse ano ocorre uma alteração pelo IEPHA passando o trabalho a constar de quatro pastas com duas cópias cada uma, sendo elas: I: Legislação e Projeto de Educação Patrimonial; II: Cronograma, Mapa, Fichas de Inventário, Relatórios de visita; III: Laudos e IV: Ações de Proteção e Investimentos. Seguiu-se a fase de confecção das Pastas com a assinatura da Historiadora e do Engenheiro, encadernação e postagem para Belo Horizonte.
BICAS TURISMO – Pelo que você
nos diz, deu realmente muito trabalho?
Rosália – Com certeza. E não ficou por aí! Paralelo ao relatório veio a restauração de um Livro de Recordação Escolar dos alunos da Escola Coronel Souza do ano de 1954, um ícone fundamental da história da educação de Bicas. Tem continuidade as visitas diárias ao Instituto Histórico, agora enriquecido com a visitação das escolas municipais e particulares de Bicas, fato que muito me alegrou como Historiadora e educadora. Ocorrem ainda, a II e III Mostra de Arte, como continuidade da valorização do artista local e divulgação da arte biquense.
Rosália – Com certeza. E não ficou por aí! Paralelo ao relatório veio a restauração de um Livro de Recordação Escolar dos alunos da Escola Coronel Souza do ano de 1954, um ícone fundamental da história da educação de Bicas. Tem continuidade as visitas diárias ao Instituto Histórico, agora enriquecido com a visitação das escolas municipais e particulares de Bicas, fato que muito me alegrou como Historiadora e educadora. Ocorrem ainda, a II e III Mostra de Arte, como continuidade da valorização do artista local e divulgação da arte biquense.
BICAS TURISMO – É, Rosália!
Trata-se realmente de um grande trabalho. E 2007?
Rosália - No ano de 2007, foi também confeccionado por mim o Relatório ao IEPHA e toda a complementação do trabalho. Seguiu-se ainda, as visitas escolares e diárias ao Instituto Histórico. Mas o destaque deste ano foi a idealização que fiz de um Museu Ferroviário, pois, grande parte dos visitantes questionou o fato de Bicas ter se desenvolvido com a ferrovia e existir no Instituto Histórico pouco acervo relacionado a ela.
Inicialmente pensei no espaço a ser montado, o que me levou ao Mezanino do Instituto Histórico José Maria Veiga, um espaço ideal, por funcionar dentro da Antiga Estação Ferroviária de Bicas. Encontrado o espaço, parti para a confecção da listagem dos antigos ferroviários de Bicas, que constou, inicialmente de cerca de 250 pessoas, entre aposentados e viúvas, com o intuito de arrecadar acervo para a montagem do Museu, número que aumentou consideravelmente com o desenrolar do trabalho.
Rosália - No ano de 2007, foi também confeccionado por mim o Relatório ao IEPHA e toda a complementação do trabalho. Seguiu-se ainda, as visitas escolares e diárias ao Instituto Histórico. Mas o destaque deste ano foi a idealização que fiz de um Museu Ferroviário, pois, grande parte dos visitantes questionou o fato de Bicas ter se desenvolvido com a ferrovia e existir no Instituto Histórico pouco acervo relacionado a ela.
Inicialmente pensei no espaço a ser montado, o que me levou ao Mezanino do Instituto Histórico José Maria Veiga, um espaço ideal, por funcionar dentro da Antiga Estação Ferroviária de Bicas. Encontrado o espaço, parti para a confecção da listagem dos antigos ferroviários de Bicas, que constou, inicialmente de cerca de 250 pessoas, entre aposentados e viúvas, com o intuito de arrecadar acervo para a montagem do Museu, número que aumentou consideravelmente com o desenrolar do trabalho.
BICAS TURISMO – Idéia
maravilhosa, essa do Museu Ferroviário. Como foi recebida a proposta pelos
ferroviários?
Rosália - A aceitação por parte dos ferroviários foi fantástica! Deu muito trabalho para recolher, transportar, restaurar e catalogar a grande quantidade de material histórico, mas tudo foi recompensado pela grande doação e incentivo destes. Segui arrecadando acervo, através da conscientização do valor de se preservar a história da ferrovia para as futuras gerações. Como forma de busca de idéias para a montagem do Museu Ferroviário de Bicas, fiz cinco visitas ao Museu Ferroviário de Juiz de Fora, constatando que a Locomotiva “Duquesa”, reformada nas oficinas de Bicas, passara a fazer parte do acervo de Juiz de Fora.
Rosália - A aceitação por parte dos ferroviários foi fantástica! Deu muito trabalho para recolher, transportar, restaurar e catalogar a grande quantidade de material histórico, mas tudo foi recompensado pela grande doação e incentivo destes. Segui arrecadando acervo, através da conscientização do valor de se preservar a história da ferrovia para as futuras gerações. Como forma de busca de idéias para a montagem do Museu Ferroviário de Bicas, fiz cinco visitas ao Museu Ferroviário de Juiz de Fora, constatando que a Locomotiva “Duquesa”, reformada nas oficinas de Bicas, passara a fazer parte do acervo de Juiz de Fora.
BICAS TURISMO – É, Rosália!
Pelo visto, o ano de 2007 foi gratificante?
Rosália – Realmente foi. E teve mais! Participei das reuniões do Conselho de Patrimônio ocorridas a cada dois ou três meses. Nesse ano, ainda, no mês outubro, fui a Belo Horizonte fazer um Curso de Gestão Patrimonial ministrado pelo diretor do IEPHA, Antônio Carlos Rangel, oportunidade de aquisição de grandes conhecimentos sobre esse órgão e seu trabalho no sentido de se preservar a memória do estado de Minas Gerais.
Rosália – Realmente foi. E teve mais! Participei das reuniões do Conselho de Patrimônio ocorridas a cada dois ou três meses. Nesse ano, ainda, no mês outubro, fui a Belo Horizonte fazer um Curso de Gestão Patrimonial ministrado pelo diretor do IEPHA, Antônio Carlos Rangel, oportunidade de aquisição de grandes conhecimentos sobre esse órgão e seu trabalho no sentido de se preservar a memória do estado de Minas Gerais.
BICAS TURISMO – E o ano de
2008, como foi?
Rosália – Em 2008, continuei a busca de acervos para o Museu Ferroviário, com visitas diárias a casas de ex-ferroviários e viúvas, no processo contínuo de conscientização do valor da doação de peças para a efetivação do Museu e preservação da história de Bicas. Esse trabalho foi uma tarefa árdua, porque em determinadas residências tive que fazer várias visitas, buscando uma melhor forma de esclarecimento e conscientização. Seguiu-se também a restauração das novas peças e a visitação diária e das escolas ao Instituto Histórico José Maria Veiga.
Rosália – Em 2008, continuei a busca de acervos para o Museu Ferroviário, com visitas diárias a casas de ex-ferroviários e viúvas, no processo contínuo de conscientização do valor da doação de peças para a efetivação do Museu e preservação da história de Bicas. Esse trabalho foi uma tarefa árdua, porque em determinadas residências tive que fazer várias visitas, buscando uma melhor forma de esclarecimento e conscientização. Seguiu-se também a restauração das novas peças e a visitação diária e das escolas ao Instituto Histórico José Maria Veiga.
BICAS TURISMO – Tivemos mais
alguma novidade em 2008?
Rosália – Sim. No mês de outubro, fui a Belo Horizonte para uma visita à Sede do IEPHA, contatando com o secretário do diretor do IEPHA para uma melhor orientação das diretrizes relativas à aquisição de um acervo da RFFSA, que está em desuso, na MRS Logística, e que seria de grande utilidade para a efetivação do Museu Ferroviário de Bicas. Foram relevantes suas orientações e já estou tomando medidas para a solução do impasse relativo ao acervo que necessitamos.
Rosália – Sim. No mês de outubro, fui a Belo Horizonte para uma visita à Sede do IEPHA, contatando com o secretário do diretor do IEPHA para uma melhor orientação das diretrizes relativas à aquisição de um acervo da RFFSA, que está em desuso, na MRS Logística, e que seria de grande utilidade para a efetivação do Museu Ferroviário de Bicas. Foram relevantes suas orientações e já estou tomando medidas para a solução do impasse relativo ao acervo que necessitamos.
BICAS TURISMO – Então 2009
foi o ano da consolidação do trabalho?
Rosália – Foi sim! O ano de 2009 se iniciou com atividades de visitação no Instituto Histórico com o Grupo do Pró Jovem nos agraciando com sua visita e mostrando grande interesse em conhecer o histórico de cada acervo, numa atitude de conscientização patrimonial.
Rosália – Foi sim! O ano de 2009 se iniciou com atividades de visitação no Instituto Histórico com o Grupo do Pró Jovem nos agraciando com sua visita e mostrando grande interesse em conhecer o histórico de cada acervo, numa atitude de conscientização patrimonial.
Também idealizei um Projeto incentivado pelo IPHAN, que apóia Projetos
de Museus, para aquisição de acervos museológicos, equipamentos de segurança,
conservação, iluminação, mobiliários e equipamentos.
Esperamos que o ano de 2010 seja repleto de novas e boas surpresas. Minha
esperança, a partir de agora, é de que a população biquense, conscientizada da necessidade
de preservação de seu patrimônio e sua história, se una a causa, eliminado
barreiras e alargando o nosso horizonte patrimonial e cultural, legando à
posteridade o direito ao conhecimento de suas origens, ampliando o acervo
ferroviário que já conta com mais de 160 peças.
BICAS TURISMO – Para
finalizarmos nossa entrevista, qual mensagem você deixa aos nossos leitores?
Rosália -
Rosália -
Ao terminar esta entrevista relatando meu trabalho à frente do Instituto
Histórico José Maria Veiga, encontrei uma simbiose com a História de Bicas e
nessa meditação, faço um paralelo com um poema escrito por mim, intitulado TRILHOS PARALELOS, uma alusão à ferrovia, marco do desenvolvimento de Bicas, como uma busca
poética de entendimento de todo meu trabalho:
"Passando
pelos portões que levam de volta à infância, meus pés adultos caminham em
direção ao passado.
Os minérios escuros da antiga ferrovia são como imagens apagadas de uma tela de minha sala de estar.
Olho os trilhos inutilizados e me lembro dos projetos de uma viagem longa, que me levaria até o fim da linha.
Onde estará a mina que despertava a curiosidade de todas as crianças, porque era "lei" no colégio que se proibisse a sua visitação?
Tudo era tão puro, tão grandioso, que fazia o mundo parecer maior do que realmente era.
Continuo a observar essas imagens, e no meu foco de visão aparecem dois trilhos paralelos e perfeitos, como os dois mundos que existem aqui.
E ao passar sobre eles, entendo porque era essencial viver tão intensamente aqueles momentos.
Porque o presente é uma linha paralela ao passado, e nós sempre voltamos a ele, a procura de uma penumbra repousante, onde descansar nossos olhos."
Os minérios escuros da antiga ferrovia são como imagens apagadas de uma tela de minha sala de estar.
Olho os trilhos inutilizados e me lembro dos projetos de uma viagem longa, que me levaria até o fim da linha.
Onde estará a mina que despertava a curiosidade de todas as crianças, porque era "lei" no colégio que se proibisse a sua visitação?
Tudo era tão puro, tão grandioso, que fazia o mundo parecer maior do que realmente era.
Continuo a observar essas imagens, e no meu foco de visão aparecem dois trilhos paralelos e perfeitos, como os dois mundos que existem aqui.
E ao passar sobre eles, entendo porque era essencial viver tão intensamente aqueles momentos.
Porque o presente é uma linha paralela ao passado, e nós sempre voltamos a ele, a procura de uma penumbra repousante, onde descansar nossos olhos."
BICAS TURISMO – Parabéns, Rosália!
Obrigado pela entrevista, mas principalmente pelo maravilhoso trabalho realizado.
O Município de Bicas agradece.
Rosália – Parabéns ao Blog Bicas
Turismo e ao seu idealizador Amarildo Mayrink. O Turismo de Bicas necessitava
deste espaço.
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